quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL


Um feliz natal a todos,que Deus ilumine suas vidas e planos.Que o natal signifique a vocês renascimento!!!

Sinceros votos de JORGE AUGUSTO,PATRICÍA,IDA,MARIA ISABEL,E PATRÍCIA R.

COMPULSÃO SEXUAL

Hipererosia ou Comportamento Sexual Compulsivo


Publicado em: 27/10/2007. Última revisão: 05/03/2009

Dr. Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Psicólogo e Terapeuta Sexual. Diretor Publicações do CEPCoS - Centro de Estudos e Pesquisas em Comportamento e Sexualidade, organização não governamental afiliada à Associação Mundial, de Sexologia - WAS; Diretor da SBRASH - Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana; autor dos livros "Psicologia e Sexualidade (Editora Medsi) e Objetos do Desejo (Iglu Editora).
Rua Traipu, 523- Perdizes - 01235-000 - São Paulo - SP - Brasil - Fone/fax (11) 3662-3139
todos artigos publicados



O desejo de se fazer sexo tem várias formas de expressão. Existem pessoas que tem diminuição ou abolição dos desejos sexuais. Existem pessoas com desejo hipertrofiado. Existem pessoas com desejos diferentes da maioria das pessoas... E existem pessoas que fazem sexo com finalidades outras que não apenas sexuais...

Vamos pensar numa dessas maneiras: a hipererosia ou comportamento sexual compulsivo.

Primeiramente, vamos definir o que se tem chamado de hipererosia ou comportamento sexual compulsivo. A expressão feminina deste fenômeno já recebeu nomes do tipo ninfomania (para lembrar das ninfas dos bosques greco-romanos que estariam sempre disponíveis ao sexo) ou messalina (para lembrar da imperatriz romana de quem se dizia que saia às noites disfarçada para orgias nas tavernas, além de manter escravos sexuais em casas para satisfazer suas necessidades sexuais...).

Para os homens, o termo tarado tem sido mais comum, mas já se usou a figura nos sátiros greco-romanos, e seu principal elemento, Príapo, para designar a necessidade de excesso de sexo, pelas criatura metade bode, com chifres e que corriam atrás das ninfas dos bosques.

Figuras mais recentes a exemplo de Don Juan, conferiram a idéia de normalidade e ideal aos homens com comportamentos sexuais compulsivos. As mulheres seguiram com a pecha pejorativa quando do comportamento sexual diferente da norma cultural.

O termo hipererosia já nos leva à idéia de que pode ser um comportamento desejado e positivo, apenas um excesso de erotismo de uma determinada pessoa. As pessoas que sentem uma necessidade sexual maior podem estar incluídas nesta denominação, mas nem sempre... O que pressupõe e que permite chamar de comportamento sexual compulsivo depende de características de personalidade específicas.

São pessoas que:

- tem pensamentos ou atos compulsivos recorrentes;

- tem pensamentos obsessivos - idéias, imagens ou impulsos que entram na mente do indivíduo repetidamente de uma forma estereotipada, são angustiantes (violentos, repugnantes ou obscenos), sem sentido e a pessoa não consegue resistir a eles. São reconhecidos como próprios e pessoais.

- tem atos ou rituais - comportamentos estereotipados, que se repetem muitas vezes, não são agradáveis e são vistos como preventivos de algo improvável.

- estas manifestações ocorrem em conjunto com ansiedade e depressão.

Estas características podem variar e dependem de quanto a pessoa está envolvida com seus pensamentos automáticos e quanto seus processos de pensamento estão desenvolvidos, destruindo e prejudicando os relacionamentos cotidianos.

Estas características psicológicas é que definem a patologia sexual denominada de comportamento sexual compulsivo. Claro que existem mais questões do que simplesmente afirmar que uma pessoa é compulsiva. Estamos falando de um diagnóstico psicológico para realmente determinar uma compulsão sexual. Não basta alguém se identificar nas características ou não crer que estas descrições se refiram a elas. Uma pessoa que já se creia compulsiva necessita de ajuda psicológica profissional, é certo. Uma pessoa que não perceba que é compulsiva não significa que deixe de sê-lo...

Algumas organizações não governamentais tem se formado para suprir a necessidade de tratamento de pessoas que não podem pagar profissionais especializados. No Brasil existem alguns grupos em grandes cidades. São Paulo conta com vários grupos funcionando em vários bairros, por exemplo.

É mais provável que o número de pessoas compulsivas sexuais seja maior na faixa de 40 anos para cima do que nas de idades inferiores. Isto se deve ao desenvolvimento dos processos de pensamento que conduzem ao comportamento compulsivo. O processo tende a ser mais denso e "aperfeiçoado" com o correr dos anos.

O ambiente em que nasce e vive a pessoa pode ser facilitador. Um exemplo é a família de origem valorizando comportamentos sexuais exagerados e as formas de pensar compulsivas. Mas os ambientes e famílias não são determinantes do desenvolvimento do comportamento sexual compulsivo. É a pessoa que desenvolve as características de pensamento, as quais, com um ambiente propício, fica mais aparente.

São pessoas que dificilmente chegam a admitir que tem problemas e que buscam tratamento especializado. Seus comprometimentos emocionais os impedem de tomar providências para modificarem-se, pois seus mecanismos são de se manterem iguais, inalterados... O tratamento psicoterapêutico é extremamente eficaz para aqueles que aceitam a idéia de estão com dificuldades e somente modificar-se-ão com ajuda profissional. A abordagem comportamental cognitiva é q que melhores resultados tem neste tipo de problema. Embora não seja uma abordagem psicológica tão comum no Brasil, já existem muitos especialistas em nosso país. Geralmente são psicoterapeutas que também atuam com a sexualidade humana em terapia sexual.

Os comprometimentos dos processos de pensamento interferem com produção de emoções e afetos. Emoções de paixão são vividas intensamente, sem direcionamentos cognitivos de acordo com planos e vida e razão. É mais provável que este tipo de pessoa "perca a cabeça" e se deixe levar pelas fortes emoções, justificando-se com esta valorização, e acrescentando que não tem controle sobre as próprias emoções e sentimentos.

Algumas destas pessoas podem estar envolvidas com outras problemáticas sexuais a exemplo de parafilias (desvios sexuais). Uma condição pode ser a pedofilia, que tem sido retratada em nosso país com a existência de prostituição infantil. Outras parafilias podem se associar devido ao substrato psicológico que sustenta a compulsão sexual. As parafilias exclusivistas já são uma expressão da qualidade compulsiva.

OS HOMENS TAMBÉM SÃO CONSUMISTAS COMO AS MULHERES, VEJAM!!!

Homens compulsivos por compras

Nem as orações para Santa Ediwiges, a protetora dos endividados, deram conta. Para sair do buraco e voltar a ter uma vida normal, o analista de sistemas Rodrigo Santiago teve que se tratar. Faz terapia, toma remédio e aposentou cheques e cartões de crédito. Rodrigo é um comprador compulsivo. Ele comprava muitos objetos repetidos, que, na maioria das vezes, nem precisava, como computadores, relógios, máquinas fotográficas, celulares, canivetes, livros.

"Eu tentava trocar um sentimento de tristeza ou ansiedade pelas compras", conta Rodrigo.

"O perfil do comprador é de uma pessoa que tem baixa auto-estima, identidade frágil, invasão de sentimentos ansiosos-depressivos. O comprar preenche um vazio", diz a psicóloga Tatiana Silomensky, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Mas espera aí! Essa coisa de olhar a vitrine e já abrir a carteira não é um comportamento típico de mulher? Era. Uma pesquisa feita por uma universidade na Inglaterra mostrou que homens são tão compulsivos na hora da compra quanto as mulheres.

A diferença entre compradores compulsivos homens e mulheres está no tipo de objeto que levam para casa. Homens tendem a comprar mais CDs, DVDs, celulares, eletrônicos, acessórios para carros. Mulheres não resistem a roupas, sapatos, bolsas e maquiagem. Mas o perigo mesmo está no supermercado.

"A mulher tende, intuitivamente, a comprar para abastecer a família. O homem compra supérfluo: guloseima, bebida, coisas para o churrasco. Ele olha o supermercado como diversão. E a mulher olha como necessidade. Na maioria das compras, é o homem quem gasta mais compulsivamente no supermercado", revela o especialista em marketing Edson Zogbi.

O homem é tão compulsivo na hora da compra quanto a mulher. E gasta mais do que ela. Uma pesquisa feita em shoppings brasileiros mostra que elas passam mais tempo visitando as lojas, mas são eles que fazem as compras mais caras. Agora, sabe quem puxa o freio quando eles resolvem perder a conta? Elas, que sempre tiveram a fama de gastadoras.

Rodrigo já perdeu várias namoradas porque não conseguia puxar o freio. O jeito foi fazer um curso de gestão financeira e aprender a administrar seu salário e sua ansiedade.

"Com certeza, vou pesquisar muito antes de fazer qualquer tipo de compra. Hoje, o que entra na minha conta é o que eu tenho para gastar", garante Rodrigo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

VIROU ATÉ FILME!!




Sinopse

Aos 25 anos, Rebecca Bloomwood (Isla Fisher), ou Becky Bloom, consegue um emprego trabalhando como jornalista econômica em Nova York. Ela mora com a melhor amiga, Suze (Krysten Ritter), e tem compulsão por comprar, tanto que seu salário nunca é suficiente no fim do mês. Enquanto ela se esforça para conseguir pagar suas dívidas, acaba atraindo a atenção de um colega de redação.

ATÉ CRIANÇAS!!

Pesquisa revela que crianças exercem influência direta na hora da compra.

Pesquisa da InterScience revela que crianças exercem influência direta na hora da compra.

por Thiago Terra - 19/9/2007

O Kids Power, estudo regional de TNS InterScience revela que hoje as marcas globais de maior visibilidade já são conhecidas por crianças de três anos de idade. Oitenta e dois por cento das mães latino-americanas afirmaram que seus filhos estão intensamente envolvidos na escolha de bolachas e chocolates, 70% diz que eles têm a palavra final na categoria de iogurtes e 61% decidem a compra de bebidas e sucos. O grau de influência é semelhante nos países latino-americanos. 66% das mães afirmaram que pagam mais por marcas que os filhos pedem. No Brasil, 71% delas atendem às expectativas dos filhos.

No Brasil, a influência dos amigos e da Publicidade também contribui para que as crianças peçam por uma marca específica. A primeira é mais comum entre as crianças mais velhas. A publicidade é significativa quando elas sentem-se mais atraídas pelas marcas associadas a personagens famosos ou que trazem brindes. Tanto que 56% das mães declararam que quando uma marca é associada a um personagem famoso as crianças definitivamente pedirão o produto. A TNS conduziu o mesmo estudo em quatro países da Ásia e, em geral as crianças têm as mesmas preferências que as latinas.

Após as discussões em grupo e entrevistas em profundidade com mães e filhos, foi realizada uma avaliação quantitativa on-line com 1.202 mães de crianças entre três e nove anos, na Argentina, Brasil e México, e 901 mães asiáticas da China, Japão, Malásia e Tailândia e constatou que a persuasão infantil acontece principalmente no segmento de alimentos, em que as crianças têm influência na escolha e muitas vezes decidem a compra de um produto, especialmente quando acompanham os pais ao supermercado. O levantamento foi realizado entre julho e agosto deste ano na Argentina, Brasil, Chile, Guatemala e México.

domingo, 1 de novembro de 2009

TRICOTILOMANIA - UMA SÍNDROME MILENAR

Embora já presente nos escritos hipocráticos (Epidemias I e III), foi só em 1889 que o dermatologista parisiense F. Hallopeau descreveu o comportamento de um jovem que arrancava os cabelos e identificou a condição como uma síndrome médica, sugerindo o nome de tricotilomania – nome derivado das palavras gregas thrix (cabelo) e tillein (arrancar) mais mania, denotando um comportamento anormal por não parar o impulso mórbido de arrancar cabelo por algum motivo não específico.

A Tricotilomania (TTM) é um transtorno psiquiátrico crônico caracterizado como um Transtorno do Controle do Impulso Não Classificado em Outro Lugar a partir do DSM-IV-TR, o diagnóstico de TTM requer: (a) comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar perceptível; (b) sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o indivíduo tenta resistir ao comportamento; (c) prazer, satisfação ou alívio ao arrancar os cabelos; (d) o distúrbio não é mais bem explicado por outro transtorno mental, nem se deve a uma condição médica geral (por exemplo, uma condição dermatológica), e) o distúrbio causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Embora consistente com os critérios diagnósticos do DSM-IV, a classificação da TTM (F63.3) da CID-10 não menciona angústia associada ou prejuízo no funcionamento social.

Os estudos apontam que arrancar cabelo/pêlo pode acontecer em qualquer região do corpo como: couro cabeludo, cílios, sobrancelhas, região púbica, extremidades, axila e abdômen. A relação entre gênero é de três mulheres para cada homem. Uma série de fatores ligados principalmente a infância e adolescência podem exercer papel desencadeador ou exacerbador da TTM, como estados afetivos negativos e atividades sedentárias ou contemplativas.

Informes clínicos sugerem que pacientes diagnosticados com TTM não têm psicopatologia secundária significativa. Entretanto, transtornos do eixo I como os afetivos, de ansiedade e de vícios (álcool e drogas) são freqüentemente associados à TTM. Quanto aos transtornos de eixo II os mais descritos na literatura são: Histriônico, Borderline, Passivo-agressivo e Obsessivo-compulsivo.

Os principais objetivos do tratamento de pacientes com TTM são a remissão do sintoma de arrancar cabelo e melhora das co-morbidades clínicas/psiquiátricas; também melhora na qualidade de vida e possível resolução dos problemas pessoais e familiares. Um pesquisador sugeriu que a combinação de farmacoterapia e terapia comportamental podem ser efetivas para o tratamento da TTM de longo prazo, reforçando a idéia de uma abordagem multidisciplinar para seu tratamento.

Uma variedade de medicamentos apresenta resultados positivos no tratamento da TTM, incluindo antidepressivos tricíclicos, ISRS, antidepressivos de ação dupla, antipsicóticos, antagonista opióide e estabilizador de humor (lítio).

Várias técnicas comportamentais são empregadas no tratamento da TTM, incluindo biofeedback e hipnose. Enquanto muitas dessas técnicas foram achadas efetivas na redução dos sintomas do arrancar cabelo, a eficácia de cada uma delas não foi efetivamente estabelecida, uma vez que os dados foram gerados por estudos de casos não-controlados e/ou com pequenas amostras.

O tratamento do comportamento mais estudado e com apoio de dados empíricos foi o treinamento da reversão do hábito (TRH). No primeiro estudo (1973) em TRH, o tratamento foi 90% efetivo na redução de problemas de comportamento de 12 pacientes com uma variedade de transtornos do hábito, incluindo a TTM. Este era um estudo preliminar promissor, mas as limitações incluíram a natureza não controlada da investigação, limitando o seguimento, e a falta de medidas objetivas do resultado do tratamento.

O programa com terapia cognitivo-comportamental enfoca as cognições disfuncionais (padrões de pensamento) ou comportamentos (ações) que causam danos à pele ou ao cabelo, identificando assim comportamentos disfuncionais e substituindo-os por comportamento assertivo ou enfraquecendo padrões de pensamento negativo ao oferecer uma nova perspectiva de enfrentamento. Em um estudo não controlado conduzido, 12 entre 14 pacientes que completaram o protocolo para a TCC junto a TTM melhoraram, com uma redução de 67% no grau de severidade da TTM imediatamente ao fim do tratamento.

Em estudo randomizado, foi elaborado um programa utilizando a terapia comportamental que consistia em seis sessões individuais de 45 minutos com base em manual que era seguido a cada duas semanas. Os elementos principais eram controle de estímulo (organizando o ambiente), intervenções de estímulo-resposta (interrompendo a cadeia de resposta com outras atividades compatíveis) e conseqüências de respostas (auto-recompensa). O papel do terapeuta consistia em analisar o comportamento, ao mesmo tempo dando conselho técnico e motivando o paciente.

A evolução dos quadros de TTM ainda é pouco conhecida, embora a maior parte das populações clínicas acompanhadas apresente curso crônico sem remissão completa. Aparentemente, um melhor ou pior prognóstico depende da idade de início do quadro e da co-morbidade associada.

A literatura existente em TTM é relativamente limitada, mas crescente. O aumento das pesquisas em TTM resulta, em parte, da maior consciência de que os sintomas são mais comuns do que se acreditava. Embora no Brasil não tenha estudos de prevalência na população geral, pesquisas internacionais estimam taxas entre dois e três por cento, revelando assim um crescente número de pacientes com TTM, já que na década passada era de um por cento.

Edson Luiz Toledo – psicólogo coordenador do atendimento psicoterápico de pacientes com tricotilomania do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso - AMITI/IPq da FMUSP.


Dra. Bianca Bortolini

CINDERELAS COMPULSIVAS

Elas gastam o que não tem com aquilo que, geralmente, poderiam dispensar. As mulheres consumistas sofrem da incontrolável sede compulsiva...

Nada é pensado. Tudo é movido pelo impulso inconsciente. Não será difícil imaginar o lugar favorito e o objeto de desejo das consumistas de carteirinha. Certamente, a conclusão: um bom shopping e dinheiro na conta bancária. Sem limites, elas usufruem produtos diversos, mesmo quando as condições financeiras não correspondem à atitude desenfreada de compra e admitem ´comprar é uma terapia insubstituível´.

Diversas vezes já cheguei a gastar todo o meu salário em um único dia. Sinto-me absurdamente satisfeita e relaxada dos problemas enquanto faço as compras, especialmente quando consumo roupas e sapatos. O arrependimento surge apenas quando a fatura do cartão de crédito chega em casa. Posso até contrair dívidas exorbitantes e nunca conseguir acumular dinheiro, mas para mim é válido o momento , fala a psicóloga Lúcia Freire, 30.

É por volta dos 21 anos, quando o jovem já costuma ter autonomia sobre o dinheiro, que as compulsões e gastos excessivos tendem a despontar. As mulheres gastam o que podem e não podem, mesmo tendo plena consciência disto, porque são tomadas pelo desejo compulsivo de consumo. Esta vontade se estabelece pela necessidade de suprir um desejo imediato que proporcione alívio e prazer, mesmo existindo arrependimento posterior. O resultado culmina em dívidas infindáveis e ausência de dinheiro para cumprir os devidos pagamentos.

Durante o processo de aquisição de algum objeto, a mulher é submetida há momentos agradáveis, como entrar em lojas, receber a atenção dos vendedores, sair e andar com sacolas. Tudo isto causa um extremo sentimento de satisfação, portanto o prazer do ato da compra não é associado ao valor gasto, afinal ele é mais relevante que o objeto adquirido.

Os especialistas consideram as atitudes compulsivas como um sistema de autodefesa e compensação. As pessoas dependentes do consumo desmedido apresentam um baixo grau de auto-estima, tendência à depressão e ansiedade, além de dificuldades em controlar seus impulsos.

A advogada Michele Marques, 26, recentemente ficou abalada pelo término repentino do noivado de dois anos e pela demissão na empresa onde trabalhava. A moça confessa ter investido, em um único final de semana, mais da metade do valor referente a sua rescisão em sapatos, bolsas, roupas e acessórios. Foi totalmente compulsivo e impensado, mas tenho discernimento que as compras não me ajudaram a superar o foco do problema .

Todo ser humano busca, inconscientemente, compensar os problemas impostos pela vida em algo que lhes dê prazer. Segundo o psicólogo Alexandre Bez, as ações inconscientes diminuem a ansiedade e angústia, tendo como fator desencadeante, por exemplo, um namoro ou casamento desgastado, problemas no trabalho, falta de dinheiro e a impossibilidade de realizar um grande sonho. Quando uma pessoa se desequilibra com uma determinada situação, é necessário reestabelecer o equilíbrio emocional, usando todos os recursos disponíveis.

A compulsão por gastar, nas mulheres, muitas vezes está ligada ao prazer no sexo. Em casais que a relação sexual não anda bem ou em que o prazer é quase nulo, é comum que elas procurem resolver esse problema de carência na loja mais próxima , explica Bez.

Se a compra causa mudança de humor e funciona como reação ao estresse ou a emoções desagradáveis que poderiam ser evitadas de uma outra maneira, é sinal de que algo escapa do controle. Quando a tensão emocional só pode ser aliviada com o ato de compra já existe anormalidade comportamental , define a psicóloga e filósofa Marie-Josette Brauer. Uma pessoa que padece da sede do consumismo permanece em um mundo de sonhos, onde a sensação de poder supera a necessidade da compra.

Outros transtornos compulsivos são facilmente encontrados no universo feminino como os alimentares - anorexia e bulimia, os de jogo - apostas, os de sexo e os de dependência - álcool e drogas.


A compulsão pode ser fruto da cultura e da educação dos pais ausentes que trocaram a atenção e o amor por presentes e ensinaram que a aquisição de bens de consumo leva ao sucesso e felicidade. Mais tarde, na idade adulta, a mulher que aprendeu inconscientemente este padrão comportamental, se recompensará afetivamente, através de compras escolhidas em função da auto-imagem desejada. Nunca um sentimento pode ser resolvido com um objeto concreto, pois ele implica em percepção emocional.

De acordo com Bez, a cada dez pessoas que gastam por compulsão, nove são mulheres. Ele revela que apesar dos homens não serem tão comedidos, suas aquisições, sem dúvidas, são mais planejadas, até porque, os valores superam aos dos produtos adquiridos pelas mulheres.

Enquanto elas se preocupam com objetos para o visual, eles gastam com os eletrônicos ou automóveis. Dependendo da formação de caráter podem, inclusive, alimentar a compulsão pelo álcool e compensar os conflitos nos jogos de azar. A tendência do sexo masculino é compensar suas frustrações emotivas com o sexo pago, bem como procurar ambientes com bebidas e muitos amigos para farrear.

Quase todo brasileiro apresenta a compulsão pelo gasto excessivo e curiosamente a compensação dos problemas financeiros é resolvida com dinheiro. Gasta-se ainda mais na tentativa de esquecer as dívidas já contraídas. Isso talvez explique a dificuldade da nação em sanar suas dívidas e conseguir dar a volta por cima , finaliza Bez.

Dicas para se manter longe das dívidas:

• Afaste a tentação. Não adquira cartões de crédito. Eles estimulam o gasto e criam a falsa impressão de que se tem muito dinheiro

• Tenha alguém de confiança para cuidar de sua conta bancária, que consiga alertar para gastos excessivos e desnecessários

• Tente se policiar. Analise se a aquisição é realmente necessária

• Mantenha somente uma pequena quantia de dinheiro na carteira

• Procure não entrar em financiamentos com muitas parcelas e assumir dívidas. Ao final do mês, elas irão se acumular e o dinheiro poderá faltar

• Quando a tentação surgir, ligue para os amigos e faça atividades que lhe distraiam, como pintar, conversar ao telefone, ver um filme

• Para as mulheres uma dica coringa: pelo menos uma vez por mês coloque o guarda-roupa a baixo, assim lembrarão quantas peças possuem e podem aprender combiná-las entre si

ESQUEMA DO CONTROLE DE IMPULSOS

TRICOTILOMANIA

A tricotilomania é um distúrbio relacionado ao transtorno obsessivo compulsivo que se caracteriza por arrancar pêlos do próprio corpo com enfoque em determinadas regiões, normalmente da cabeça e sobrancelha. Geralmente, o distúrbio aparentemente é visto como um refúgio encontrado perante situações de nervosismo, sedentarismo e ansiedade, já que não se sabe as causas que induzem tal comportamento. Existem hipóteses que acusam possíveis causas para o distúrbio como desequilíbrio químico, problemas genéticos e alergias.

É um tipo de distúrbio que causa constrangimento no indivíduo, já que depois de arrancar o fio ficam brincando com o mesmo, passando pela boca e até comendo, o que causa ainda mais vergonha, pois tal comportamento, em síntese, não faz sentido.
Normalmente a tricotilomania se manifesta na infância e pode ou não se estender por toda a vida, de forma e tipo variável pode ocorrer diariamente ou ainda pode se ausentar por longos períodos e retornar de repente. Como não se sabe a origem do distúrbio, também não há um tratamento específico para o problema.

Existem especialistas que adotam a psicoterapia para levar o indivíduo a controlar seu distúrbio de forma que lentamente deixe de executá-lo. Também são utilizados medicamentos como neurolépticos e antidepressivos, acupuntura e homeopáticos. O importante é detectar o distúrbio o mais rápido possível para que o tratamento seja realizado com maior rapidez e seu resultado tenha maior êxito. Especialistas acreditavam que tal distúrbio fosse raro, mas foi constatado que aproximadamente 4% da população possuem tal problema.


Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola (Psicologia - Brasil Escola)
Site: www.brasilescola.com

FIGURA CLEPTOMANIA

CLEPTOMANIA: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E TRATAMENTO

A cleptomania, um transtorno incapacitante pertencente ao grupo de transtornos de controle dos impulsos, caracteriza-se pelo furto repetitivo e incontrolável de itens que são de pequena utilidade para a pessoa acometida. Apesar de seu histórico relativamente longo, a cleptomania continua sendo pouco entendida pelo público geral, pelos clínicos e pelos que dela sofrem.

Método: Este artigo revisa a literatura sobre o que se sabe a respeito das características clínicas, histórico familiar,neurobiologia e opções de tratamento para indivíduos com cleptomania.

Resultados: A cleptomania geralmente tem seu início no final da adolescência ou no início da vida adulta, e parece ser mais comum em mulheres. A comorbidade psiquiátrica ao longo da vida com outros transtornos de controle de impulsos (20-46%), de uso de substâncias (23-50%) e de humor (45-100%) é freqüente. Indivíduos com cleptomania sofrem de prejuízo significativo em sua capacidade de funcionamento social e ocupacional.

A cleptomania pode responder ao tratamento com terapia cognitivo-comportamental e com várias farmacoterapias (lítio, antiepilépticos e antagonistas de opióides).

Conclusões: A cleptomania é um transtorno incapacitante que resulta em uma vergonha intensa, bem como problemas legais, sociais, familiares e ocupacionais. São necessários estudos de tratamento em ampla escala.

Descritores: Transtornos do controle de impulso; Farmacoterapia; Comorbidade; Roubo;

A cleptomania, também denominada furto compulsivo, pode ser um transtorno bastante comum que resulta em angústia e conseqüências legais significativas. Ainda que não tenha sido feito nenhum estudo epidemiológico de âmbito nacional sobre a cleptomania, os estudos em várias amostras clínicas sugerem que a cleptomania não é rara. Um estudo recente sobre pacientes psiquiátricos hospitalizados com múltiplos transtornos (n = 204) revelou que 7,8% (n = 16) confirmaram sintomas atuais consistentes com um diagnóstico de cleptomania, e 9,3% (n = 19) tinham um diagnóstico de cleptomania durante a vida.1,2 Um estudo com 102 adolescentes
hospitalizados devido a uma série de transtornos psiquiátricos encontrou que 8,8% (n = 9) sofria de cleptomania.3 Como os índices parecem ser similares em adolescentes e adultos, isso sugere que a cleptomania pode ser um transtorno crônico se
não for tratado. Esses achados são consistentes com estudos anteriores. Um estudo que examinou 107 pacientes com depressão encontrou que 4 (3,7%) sofriam de cleptomania.4 Em um estudo com 79 pacientes com dependência de álcool, 3
(3,8%) também relataram sintomas consistentes com cleptomania. Ainda que esses estudos sugiram que a cleptomania não é um comportamento raro, esse transtorno continua sendo pouco compreendido e os dados sobre tratamento são escassos.

Com base no crescimento da pesquisa sobre a cleptomania, este artigo irá detalhar o que se sabe atualmente sobre as características clínicas, a fisiopatologia e o tratamento deste transtorno incapacitante.

Vinheta de caso

Maria é uma mulher de 49 anos, branca, casada, com três filhos. Quando começou a furtar com 20 anos de idade, ela furtava uma mesma loja aproximadamente uma vez por semana. Esse comportamento continuou durante os 25 anos seguintes, até que a freqüência de furto aumentou para três ou mais vezes por semana. Ainda que tenha tido um emprego rentável durante toda a vida, ela furta itens desnecessários de
lojas de varejo e de amigos. Ao entrar em uma loja, Maria relata um impulso irresistível de furtar e sente a necessidade de consumar o furto até que a tensão ceda. Após deixar a loja, Maria sente-se culpada por ter pegado o item. Esses
objetos roubados, em geral pequenos itens (e.g. cosméticos, produtos de higiene, revistas), são colocados em caixas na garagem de sua casa e nunca são utilizados. Sua família não sabe sobre seu problema. Ela nunca foi apanhada, mas não
tem orgulho desse fato. Tem uma sensação diária de autodepreciação.

A avaliação diagnóstica detalhada revela que Maria não tem outros problemas psiquiátricos. Seu histórico familiar é positivo tanto para transtornos por uso de álcool como por uso de substâncias.

Histórico

A cleptomania tem sido mencionada na literatura médica e legal durante séculos.
O psiquiatra suíço Andre Matthey foi o primeiro a utilizar o termo ‘klopemanie’ para descrever os ladrões que roubavam impulsivamente itens desnecessários devido à insanidade. Mais tarde, os médicos franceses Jean Etienne Esquirol e C.C.
Marc alteraram a palavra para ‘kleptomanie,’ para descrever o comportamento caracterizado por impulsos irresistíveis e involuntários. A pessoa com ‘kleptomanie’ era então “forçada a roubar” devido a uma doença mental, não devido à falta de
consciência moral.7 Devido à percepção de que tal comportamento somente afetava mulheres, as explicações ao final do século XIX se referiam a doenças uterinas ou à tensão prémenstrual como possíveis causas da cleptomania. No princípio do século XX, a idéia de que o sistema reprodutivo feminino era a causa desse comportamento foi descartada juntamente com praticamente todo o interesse clínico por esse transtorno. O status médico pouco claro da cleptomania refletiu-se novamente no Manual de Diagnóstico e Estatística.

O primeiro Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-I 1962) incluiu a cleptomania mais como um termo suplementar do que como um diagnóstico formal, mas no DSM-II (1968) a cleptomania foi totalmente omitida. Foi
reintroduzida mais adiante no DSM-III (1980) como um transtorno de controle dos impulsos sem outra especificação, como permanece no DSM-IV-TR (2000).8-11 No entanto, somente nos últimos 15 anos houve um conjunto de trabalhos científicos
para confirmar o status da cleptomania como um legítimo transtorno psiquiátrico.

Características clínicas

O DSM-IV-TR estabelece os seguintes critérios diagnósticos para a cleptomania: 1) incapacidade recorrente para resistir aos impulsos de furtar objetos desnecessários ao uso pessoal ou por seu valor monetário; 2) sensação crescente de tensão
antes de cometer o furto; 3) prazer ou alívio na hora de cometer o furto; 4) o furto não é cometido para expressar raiva ou vingança e não é uma resposta a um delírio ou alucinação; e 5) o furto não se deve ao transtorno de conduta ou ao transtorno
de personalidade anti-social.

O critério 1 estabelece que os itens furtados não “são necessários para uso pessoal ou por seu valor monetário”. Em nossa vinheta de caso, Maria enquadra-se neste critério por furtar itens irrelevantes. Esse critério exclui do diagnóstico
pessoas que furtam principalmente para vender os itens em troca de dinheiro ou por necessidade (e.g. furtar para alimentar uma família que passa fome). Ainda que os exemplos de casos tenham freqüentemente descrito a peculiaridade dos
itens furtados, os itens em si não são sempre peculiares e não parecem ter nenhum significado para a compreensão da fisiopatologia proposta para esse transtorno. Muitos indivíduos com cleptomania furtam itens desejáveis e valiosos. Para
alguns indivíduos, o “ímpeto” associado ao furto parece proporcional
ao valor monetário do item. Para outros, o valor dos objetos furtados aumenta ao longo do tempo, o que sugere um efeito de tolerância. Os itens furtados são tipicamente acumulados, descartados, devolvidos à loja ou doados.Os indivíduos com cleptomania descrevem o impulso para furtar como “incongruente com o caráter”, “incontrolável,” ou “moralmente errado”. Ainda que um sentimento de prazer,
gratificação ou alívio seja vivenciado no momento do furto, os indivíduos descrevem sentimentos de culpa, remorso ou depressão logo após.12 Em geral, devido a esse sentimento de vergonha, os indivíduos com cleptomania apresentam-se para
o tratamento muitos anos após o início dos furtos. Em um estudo com 22 cleptomaníacos, 15 indivíduos não tinham contado ao seu clínico sobre seus furtos. Ao contrário, eles buscavam tratamento para os sintomas depressivos ou para a
ansiedade. Eles tinham receio de que o médico pudesse não tratá-los ou informar à polícia. Nenhum dos médicos que os trataram perguntou sobre sintomas de cleptomania.

Estudos utilizando amostras clínicas têm revelado de forma consistente que a maioria (aproximadamente dois terços) dos pacientes com cleptomania é composta por mulheres.
Rev Bras Psiquiatr. 2008

Cleptomania: características clínicas e tratamento

Neurobiologia
Ainda que os indivíduos com cleptomania relatem uma incapacidade de resistir aos seus impulsos para furtar, a etiologia desse comportamento incontrolável não é clara.
Tem sido levantada a hipótese de que a disfunção serotoninérgica no córtex pré-frontal ventromedial seja subjacente à capacidade ruim de tomar decisões observada
entre indivíduos com cleptomania.23 Um estudo examinou o transportador de serotonina de plaquetas em 20 pacientes com cleptomania. O número de transportadores 5-
HT de plaquetas, avaliado por meio da vinculação da 3Hparoxetina, foi menor em sujeitos cleptomaníacos comparados a controles saudáveis,24 o que sugere alguma
disfunção serotoninérgica não específica.

Em um estudo sobre funcionamento neurocognitivo, 15 mulheres diagnosticadas com cleptomania não apresentaram, como um grupo, déficits significativos em testes de
funcionamento do lobo frontal ao serem comparadas aos valores-padrão. No entanto, aquelas com maior gravidade dos sintomas de cleptomania tiveram escores significativamente mais baixos que a média em pelo menos uma medida
do funcionamento executivo. Índices significativamente mais altos de impulsividade cognitiva (medidos pela Escala de Impulsividade de Barratt, 10ª versão) foram encontrados em 11 indivíduos com cleptomania, ao serem comparados a um grupo controle de pacientes psiquiátricos sem cleptomania.

Os relatos de caso e os estudos de neuroimagem fornecem pistas adicionais quanto a possível etiologia da cleptomania.

Tem sido relatado que danos aos circuitos cerebrais orbitofrontais subcorticais resultam em cleptomania. As técnicas de neuroimagem têm demonstrado menor integridade
microestrutural da substância branca nas regiões cerebrais frontais ventromediais nos indivíduos com cleptomania em comparação a controles.27 Essas imagens
são consistentes com achados de impulsividade aumentada nos cleptomaníacos.17 Esses estudos também favorecem a hipótese de que pelo menos alguns indivíduos com cleptomania podem não ser capazes de controlar seu impulso de furtar.

Futuras avaliações de imagem e neuropsicológicas em uma grande amostra podem auxiliar a elucidar melhor a etiologia desse transtorno.

Tratamento

Apesar de a farmacoterapia e a psicoterapia terem se apresentado inicialmente promissoras para tratar a cleptomania,somente um pequeno número de pacientes foram
examinados. Séries pequenas de casos e relatos de caso constituem a maioria dos dados de tratamento publicados.

Atualmente, nos Estados Unidos, não há medicações aprovadas pela Food and Drug Administration para tratar da cleptomania. Os relatos de caso que examinaram a eficácia da farmacoterapia para a cleptomania encontraram uma
variedade de tratamentos promissores: paroxetina,28 fluvoxamina,29 escitalopram,30 uma combinação de sertralina e o estimulante metilfenidato,31 imipramina em combinação com fluoxetina,32 e o ácido valpróico.33 Infelizmente, para cada relato de caso positivo, existem outros relatos negativos em relação a eficácia da mesma medicação para a cleptomania.

Séries de casos de cleptomania também foram publicadas.
Em uma série de casos, cinco sujeitos com cleptomania. Porém, sem dados epidemiológicos, a percentagem real de homens e mulheres permanece desconhecida. Alguns autores têm sugerido que há um maior número de mulheres que buscam
tratamento para cleptomania, pois os homens têm maior probabilidade
de serem enviados à prisão se forem apanhados furtando em lojas.

No entanto, os aspectos relacionados a gênero na cleptomania receberam pouca atenção nos estudos sobre o tema. Um estudo encontrou que os homens com cleptomania têm mais probabilidade de ter um histórico de trauma durante o nascimento. Os
homens com cleptomania também parecem ser menos propensos a sofrer de um transtorno alimentar ou bipolar concomitante, mas parecem ter índices maiores de parafilias como comorbidade.

Tanto em homens como em mulheres com cleptomania é comum a comorbidade psiquiátrica em algum momento da vida com outros transtornos de controle dos impulsos (20-46%),
de uso de substâncias (23-50%)12,14 e de humor (45-100%).14,15,18,19 Os transtornos de personalidade são também comuns na cleptomania. Um estudo envolvendo 28 indivíduos com cleptomania revelou que 12 (42,9%) preencheram os critérios
do DSM-III-R para pelo menos um transtorno de personalidade e dois (14,3%) preencheram os critérios para dois transtornos de personalidade. Transtornos paranóide (17,9%), borderline (10,3%) e esquizóide (10,7%) foram os mais comuns.

Os indivíduos com cleptomania sofrem prejuízo significativo em sua capacidade de funcionar social e ocupacionalmente. Muitos pacientes relatam pensamentos intrusivos e impulsos relacionados a furtar que interferem em sua capacidade de concentração
em casa e no trabalho. Outros relatam ausências ao trabalho, em geral à tarde, depois de saírem cedo para furtar nas lojas. Com o prejuízo funcional que os indivíduos com cleptomania vivenciam, não é surpreendente que eles também relatem
uma qualidade de vida ruim. No único estudo que avaliou sistematicamente
a qualidade de vida utilizando um instrumento seguro do ponto de vista psicométrico (Inventário de Qualidade de Vida), os pacientes com cleptomania, independentemente da
comorbidade, relataram uma satisfação significativamente pior com a vida em comparação a uma amostra geral não-clínica de adultos.21 Alguns pacientes consideraram até o suicídio como uma forma pela qual poderiam parar de furtar.

Além das conseqüências emocionais da cleptomania, muitos pacientes com cleptomania enfrentaram dificuldades legais devido ao seu comportamento. Estudos têm relatado que 64% a 87% dos pacientes de cleptomania têm um histórico de serem pegos
furtando.16,19 De fato, um estudo encontrou que os pacientes relataram
um número médio de apreensões durante a vida de aproximadamente três por paciente.22 Ainda que a maioria das apreensões não resulte em condenações com privação de liberdade, evidências iniciais sugerem que 15% a 23% dos pacientes de cleptomania
sofreram este tipo de condenação por furtarem.

Histórico familiar
Os dados sobre o histórico familiar e possíveis elementos genéticos da cleptomania são limitados. No único estudo sobre o histórico familiar de cleptomania que utilizou um grupo controle, os indivíduos com cleptomania relataram uma freqüência significativamente maior de transtorno por uso de álcool nos seus familiares de primeiro grau do que os controles.18 Não foram observadas outras diferenças significativas em relação ao histórico familiar entre os grupos. Foram relatados em outros estudos altos índices de transtornos de humor, por uso de álcool e de
cleptomania nos familiares de primeiro grau dos indivíduos com cleptomania.

Rev Bras Psiquiatr. 2008
apresentaram melhora com fluoxetina (quatro indivíduos) e paroxetina (um indivíduo).34 Uma série de casos de três cleptomaníacos resultou em remissão completa dos sintomas de cleptomania após dois meses em uma combinação de 100 mg/dia de topiramato e 30 mg/dia de citalopram em uma mulher de 28 anos; 100 mg/dia de topiramato e 60 mg/dia de paroxetina em uma mulher de 32 anos; e 150 mg/dia de
topiramato em um homem de 18 anos.35 O lítio ministrado isoladamente foi útil para pelo menos um de quatro casos relatados, mas causou uma diminuição significativa nos sintomas da cleptomania quando potencializado com fluoxetina no caso de uma mulher de 40 anos.36 Uma série de casos de dois pacientes que sofriam de cleptomania tratados com naltrexona (50 mg/dia e 100 mg/dia) relatou remissão tanto
nos impulsos para furtar como no comportamento de furtar.

Houve somente dois pequenos ensaios clínicos abertos com medicação para cleptomania. Um ensaio clínico examinou o escitalopram no tratamento da cleptomania. Dos 20 indivíduos tratados de forma aberta com escitalopram, 79% relataram
melhora em seu comportamento de furtar. Os que responderam ao escitalopram foram aleatorizados para continuar a medicação ou para receber placebo. A fase duplo-cega encontrou que 43% dos que receberam medicação e 50% dos que foram designados para receber placebo não mantiveram sua resposta (não houve diferença estatística entre esse índices), sugerindo, dessa forma, que não ocorreu nenhum efeito
real do fármaco.

Em outro ensaio clínico aberto, oito de 10 indivíduos com cleptomania tratados com naltrexona por 12 semanas relataram uma redução significativa nos impulsos para furtar e 20% relataram remissão completa dos sintomas.22 A dose eficaz
média de naltrexona foi de 145 mg/dia. Um estudo longitudinal retrospectivo da naltrexona durante um período de três anos envolvendo 17 indivíduos com cleptomania tratados com naltrexona em monoterapia produziu os seguintes resultados:
76,5% dos sujeitos relataram redução nos impulsos para furtar, 41,1% pararam de furtar e 52,9% dos sujeitos foram classificados na Escala de Gravidade Clínica Global como “totalmente sadios” e tiveram seus sintomas de gravidade de cleptomania
avaliados como “muito leves” pelo pesquisador.

Várias formas de terapia comportamental, psicanalítica, psicodinâmica e cognitivo-comportamental (TCC) têm sido relatadas como benéficas para tratar a cleptomania. Os tratamentos terapêuticos cognitivo-comportamentais, tais como dessensibilização sistemática, terapia aversiva e sensibilização encoberta têm demonstrado benefícios no tratamento da cleptomania.

Não houve estudos controlados sobre qualquer dos tipos de psicoterapia para a cleptomania. Os tratamentos combinados utilizando TCC com medicação têm mostrado benefícios para os indivíduos em relatos de caso. Um homem de 43 anos com traumatismo craniano contuso na região frontotemporal que ocasionou sintomas semelhantes à cleptomania foi tratado com citalopram e TCC e relatou remissão de todos os sintomas de cleptomania.41 Uma mulher de 77 anos com cleptomania de início tardio (idade de 73 anos) relatou o final de todos os furtos com uma combinação de TCC, 50 mg/dia de sertralina, auto-conscientização e uma proibição auto-imposta
de comprar.

Conclusão

A cleptomania, um transtorno amplamente não reconhecido, apresenta-se como uma doença crônica em muitos indivíduos e tem significativas repercussões psicológicas, sociais e legais. À medida que a busca específica de tratamento para cleptomania é bem rara, é importante que os clínicos reconheçam o transtorno e examinem os pacientes apropriadamente.

Vários tratamentos têm sido úteis em estudos de caso e em pequenos estudos de tratamento, mas é preciso mais pesquisas que examinem a etiologia e o tratamento.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

TRANSTORNOS DO CONTROLE DOS IMPULSOS - DSM.IV

Esta seção compreende transtornos do controle dos impulsos não classificados como parte da apresentação de transtornos descritos em outras seções do manual (por ex., Transtornos Relacionados a Substâncias, Parafilias, Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno de Conduta, Esquizofrenia; Transtornos do Humor podem ter aspectos que envolvem problemas de controle dos impulsos).

A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o fracasso em resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso para a própria pessoa ou para outros. Na maioria dos transtornos descritos nesta seção, o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou culpa. Os seguintes transtornos são incluídos nesta seção:

O Transtorno Explosivo Intermitente é caracterizado por episódios distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em sérias agressões ou destruição de propriedades.

A Cleptomania caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos de valor monetário.

A Piromania é caracterizada por um padrão de comportamento incendiário por prazer, gratificação ou alívio de tensão.

O Jogo Patológico caracteriza-se por um comportamento mal-adaptativo, recorrente e persistente, relacionado a jogos de azar e apostas.

A Tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar de forma recorrente os próprios cabelos por prazer, gratificação ou alívio de tensão, acarretando uma perda capilar perceptível.

O Transtorno do Controle dos Impulsos Sem Outra Especificação é incluído para a codificação de transtornos que não satisfazem os critérios para qualquer um dos Transtornos específicos do Controle dos Impulsos, descritos antes ou em outras seções do manual.



F63.8 - 312.34 TRANSTORNO EXPLOSIVO INTERMITENTE

Características Diagnósticas
A característica essencial do Transtorno Explosivo Intermitente é a ocorrência de episódios definidos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, acarretando sérios atos agressivos ou a destruição de propriedades (Critério A). O grau de agressividade expressada durante um episódio é amplamente desproporcional a qualquer provocação ou estressor psicossocial desencadeante (Critério B).

Um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente somente é feito depois de descartados outros transtornos mentais que poderiam explicar os episódios de comportamento agressivo (por ex., Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno da Personalidade Borderline, Transtorno Psicótico, Episódio Maníaco, Transtorno da Conduta ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade) (Critério C).

Os episódios agressivos não são decorrentes de efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex., traumatismo craniano, doença de Alzheimer) (Critério C). O indivíduo pode descrever os episódios agressivos como "surtos" ou "ataques" nos quais o comportamento explosivo é precedido por um sentimento de tensão ou excitação, sendo imediatamente seguido por uma sensação de alívio.

Posteriormente, o indivíduo pode sentir remorso, arrependimento ou embaraço pelo comportamento agressivo.

Características e Transtornos Associados
Características descritivas e transtornos mentais associados. Sinais de impulsividade ou agressividade generalizada podem estar presentes entre os episódios explosivos. Os indivíduos com traços narcisistas, obsessivos, paranóides ou esquizóides podem estar especialmente propensos a ter surtos explosivos de raiva, quando sob estresse.

O transtorno pode ter como conseqüência a perda do emprego, suspensão escolar, divórcio, dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes (por ex., em veículos), hospitalização (por ex., em virtude de ferimentos sofridos em lutas ou acidentes) ou detenções legais.

Achados laboratoriais associados. Pode haver achados de EEG inespecíficos (por ex., lentificação) ou evidências de anormalidades na testagem neuropsicológica (por ex., dificuldade com inversão de letras). Sinais de alterações do metabolismo da serotonina têm sido encontrados no liquor de alguns indivíduos impulsivos e sujeitos a ataques coléricos, mas o relacionamento específico desses achados com o Transtorno Explosivo Intermitente não está claro.

Achados ao exame físico e condições médicas gerais associadas. Pode haver achados inespecíficos ou "leves" nos exames neurológicos (por ex., assimetrias reflexas ou movimentos espelhados). Dificuldades de desenvolvimento indicativas de disfunção cerebral podem estar presentes (por ex., fala atrasada ou fraca coordenação).

Uma história de condições neurológicas (por ex., traumatismo craniano, episódios de inconsciência ou convulsões febris na infância) pode estar presente. Entretanto, se o clínico considera que o comportamento agressivo é conseqüência dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral diagnosticável, o Transtorno Mental Devido a uma Condição Médica Geral apropriado deve ser diagnosticado (por ex., Alteração de Personalidade Devido a Traumatismo Craniano, Tipo Agressivo; Demência do Tipo Alzheimer, Início Precoce, Sem Complicação, Com Perturbação do Comportamento).

Características Específicas à Cultura e ao Gênero
O amok caracteriza-se por um episódio de comportamento violento agudo e incontido para o qual a pessoa afirma ter amnésia. Embora seja tradicionalmente visto nos países do sudeste da Ásia, há relatos de amok no Canadá e nos Estados Unidos.

À diferença do Transtorno Explosivo Intermitente, o amok tipicamente ocorre como um episódio isolado, ao invés de constituir um padrão de comportamento agressivo, e freqüentemente está associado com aspectos dissociativos proeminentes. O comportamento violento episódico é mais comum em homens do que em mulheres.

Prevalência
Não dispomos de informações confiáveis, mas o Transtorno Explosivo Intermitente aparentemente é raro.

Curso
Há poucos dados disponíveis quanto à idade de início do Transtorno Explosivo Intermitente, mas este parece ocorrer da adolescência à terceira década de vida. O modo de início pode ser súbito e sem um período prodrômico.

Diagnóstico Diferencial
Um comportamento agressivo pode ocorrer no contexto de muitos outros transtornos mentais. Um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente deve ser considerado apenas depois que todos os demais transtornos associados com impulsos ou comportamentos agressivos foram descartados.

Se o comportamento agressivo ocorre exclusivamente durante o curso de um delirium, um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente não é dado. Da mesma forma, quando o comportamento se desenvolve como parte de uma demência, um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente não é feito e o diagnóstico apropriado é de demência, com o especificador Com Perturbação do Comportamento.

O Transtorno Explosivo Intermitente deve ser diferenciado de uma Alteração da Personalidade Devido a uma Condição Médica Geral, Tipo Agressivo, que é diagnosticada quando o padrão de episódios agressivos é considerado devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral diagnosticável (por ex., um indivíduo que sofreu lesão cerebral por um acidente automobilístico e subseqüentemente manifesta uma alteração da personalidade, caracterizada por surtos agressivos).

Uma história atenta e uma avaliação neurológica completa são úteis para esta determinação. Observe que anormalidades inespecíficas no exame neurológico (por ex., "sinais leves") e alterações do EEG inespecíficas são compatíveis com um diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente e apenas excluem o diagnóstico se são indicativos de uma condição médica geral diagnosticável.

Ataques agressivos também podem ocorrer em associação com Intoxicação com Substância ou Abstinência de Substância, particularmente associadas com álcool, fenciclidina, cocaína e outros estimulantes, barbitúricos e inalantes. O clínico deve investigar com atenção a natureza e a extensão do uso de substâncias, e uma triagem de sangue e urina para drogas pode ser informativa.

O Transtorno Explosivo Intermitente deve ser diferenciado do comportamento agressivo e errático que pode ocorrer no Transtorno Desafiador de Oposição, Transtorno da Conduta, Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno da Personalidade Borderline, Episódio Maníaco e Esquizofrenia. Se o comportamento agressivo é melhor explicado como um aspecto diagnóstico ou associado de outro transtorno mental, não é dado um diagnóstico separado de Transtorno Explosivo Intermitente.

Um comportamento agressivo pode ocorrer, naturalmente, quando nenhum transtorno mental está presente. O comportamento proposital distingue-se do Transtorno Explosivo Intermitente pela presença de motivação e vantagens no ato agressivo. Nos contextos forenses, os indivíduos podem simular um Transtorno Explosivo Intermitente para esquivar-se da responsabilidade por seu comportamento.


Critérios Diagnósticos para F63.8 - 312.34 Transtorno Explosivo Intermitente
A. Diversos episódios distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em atos agressivos ou destruição de propriedades.
B. O grau de agressividade expressada durante os episódios está nitidamente fora de proporção com quaisquer estressores psicossociais desencadeantes.
C. Os episódios agressivos não são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno da Personalidade Borderline, Episódio Maníaco, Transtorno da Conduta ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade), nem se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex., traumatismo craniano, doença de Alzheimer).



F63.2 - 312.32 CLEPTOMANIA- DSM.IV

Características Diagnósticas
A característica essencial da Cleptomania é o fracasso recorrente em resistir a impulsos de furtar objetos, embora esses não sejam necessários para o uso pessoal ou por seu valor monetário (Critério A). O indivíduo vivencia um sentimento subjetivo de crescente tensão antes do furto (Critério B) e sente prazer, satisfação ou alívio ao cometer o furto (Critério C).

O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é realizado em resposta a um delírio ou alucinação (Critério D), nem é explicado por um Transtorno da Conduta, um Episódio Maníaco ou um Transtorno da Personalidade Anti-Social (Critério E).

Os objetos são furtados apesar de tipicamente terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de comprá-los e freqüentemente os dá de presente ou joga-os fora. Às vezes, o indivíduo pode colecionar os objetos furtados ou devolvê-los disfarçadamente.

Embora os indivíduos com este transtorno em geral evitem furtar quando uma detenção imediata é provável (por ex., na proximidade de um policial), eles não costumam planejar seus furtos de antemão nem levam plenamente em conta as chances de serem presos. O furto é cometido sem auxílio ou colaboração de outros.

Características e Transtornos Associados
Os indivíduos com Cleptomania vivenciam o impulso de furtar como ego-distônico e têm consciência de que o ato é errado e sem sentido.

A pessoa com freqüência tem medo de ser apanhada e se sente deprimida ou culpada quanto aos furtos. Transtornos do Humor (especialmente Transtorno Depressivo Maior), Transtornos de Ansiedade, Transtornos Alimentares (particularmente Bulimia Nervosa) e Transtornos da Personalidade podem estar associados com a Cleptomania. O transtorno pode provocar dificuldades legais, familiares, ocupacionais e pessoais.

Prevalência
A Cleptomania é uma condição rara, que parece ocorrer em menos de 5% de pessoas que cometem furtos em lojas. Ela parece ser mais comum entre mulheres.

Curso
Existem poucas informações sistemáticas sobre o curso da Cleptomania, mas três cursos típicos foram descritos: esporádica, com episódios breves e longos períodos de remissão; episódica, com períodos prolongados de furtos e períodos de remissão; crônica, com algum grau de flutuação. O transtorno pode continuar por anos, apesar de múltiplas condenações por furtos.

Diagnóstico Diferencial
A Cleptomania deve ser diferenciada de atos comuns de roubo ou furtos em lojas. O furto comum (quer planejado ou impulsivo) é deliberado e motivado pela utilidade do objeto ou por seu valor monetário. Alguns indivíduos, especialmente adolescentes, também podem furtar como um ato de rebeldia, ou como um rito de passagem.

O diagnóstico não é feito, a menos que outros aspectos característicos da Cleptomania também estejam presentes. A Cleptomania é extremamente rara, ao passo que os furtos em lojas são comuns. Na Simulação, o indivíduo pode fingir os sintomas de Cleptomania para evitar processos criminais.

O Transtorno da Personalidade Anti-Social e o Transtorno de Conduta distinguem-se da Cleptomania por um padrão geral de comportamento anti-social. A Cleptomania deve ser distinguida do furto intencional ou inadvertido que pode ocorrer durante um Episódio Maníaco, em resposta a delírios ou alucinações (por ex., na Esquizofrenia) ou como resultado de uma demência.


Critérios Diagnósticos para F63.2 - 312.32 Cleptomania
A. Fracasso recorrente em resistir aos impulsos de furtar objetos que não são necessários para o uso pessoal ou por seu valor monetário.
B. Sentimento aumentado de tensão imediatamente antes da realização do furto.
C. Prazer, satisfação ou alívio no momento de cometer o furto.
D. O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, nem ocorre em resposta a um delírio ou alucinação.
E. O furto não é melhor explicado por um Transtorno da Conduta, um Episódio Maníaco ou um Transtorno da Personalidade Anti-Social.



F63.1 - 312.33 PIROMANIA- DSM.IV


Características Diagnósticas
A característica essencial da Piromania é a presença de múltiplos episódios de provocação deliberada e proposital de incêndios (Critério A). Os indivíduos com este transtorno experimentam tensão ou excitação afetiva antes de provocarem um incêndio (Critério B). Existe uma fascinação, interesse, curiosidade ou atração pelo fogo e seus contextos situacionais (por ex., parafernália, usos, conseqüências) (Critério C).

Os indivíduos com este transtorno reqüentemente são "espectadores" regulares de incêndios em seus arredores, podem acionar alarmes falsos e extraem prazer a partir de instituições, equipamentos e pessoal associados com incêndios. Eles podem passar algum tempo junto ao corpo de bombeiros, provocar incêndios para afiliar-se ao corpo de bombeiros ou até mesmo tornar-se bombeiros.

Os indivíduos com este transtorno experimentam prazer, satisfação ou liberação de tensão ao provocarem incêndios, testemunharem seus efeitos ou participarem de seu combate (Critério D). O comportamento incendiário não ocorre visando a obter ganhos monetários, expressar uma ideologia sócio-política, encobrir uma atividade criminosa, expressar raiva ou vingança, melhorar as próprias condições de vida ou em resposta a um delírio ou uma alucinação (Critério E). A provocação de incêndios não decorre de um prejuízo no julgamento (por ex., na demência, no Retardo Mental ou na Intoxicação com Substância).

O diagnóstico não é feito se o comportamento incendiário é melhor explicado por Transtorno da Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno da Personalidade Anti-Social (Critério F).

Características e Transtornos Associados
Os indivíduos com Piromania podem realizar consideráveis preparativos antes de iniciarem um incêndio. Eles podem ser indiferentes às conseqüências do fogo para a vida ou a propriedade, ou então obter satisfação com os danos materiais resultantes.

O comportamento incendiário pode ocasionar danos materiais, conseqüências legais, ferimentos ou morte do incendiário ou de outras pessoas.

Características Específicas à Idade e ao Gênero
Embora o comportamento incendiário seja um problema importante em crianças e adolescentes (mais de 40% dos detidos por provocação de incêndios nos Estados Unidos têm menos de 18 anos), a Piromania parece ser rara na infância.

O comportamento incendiário infantil geralmente está associado com Transtorno da Conduta, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade ou Transtorno de Ajustamento. A Piromania ocorre com maior freqüência em homens, especialmente naqueles com habilidades sociais mais deficientes e dificuldades de aprendizagem.

Prevalência
A Piromania aparentemente é rara.

Curso
Os dados existentes são insuficientes para se estabelecer uma idade típica de início para a Piromania. O relacionamento entre o comportamento incendiário na infância e a Piromania na idade adulta não foi documentado.

Em indivíduos com Piromania, os incidentes de comportamento incendiário são episódicos, podendo ter uma freqüência variável com o tempo. O curso longitudinal é desconhecido.

Diagnóstico Diferencial
É importante descartar outras causas de comportamento incendiário antes de se fazer o diagnóstico de Piromania. A provocação intencional de incêndios pode ocorrer para fins de lucro, sabotagem ou vingança; para encobrir um crime; para fins políticos (por ex. um ato de terrorismo ou protesto), ou para obter atenção ou reconhecimento (por ex., provocar um incêndio para descobri-lo e fazer-se passar por herói).

O comportamento incendiário também pode ocorrer como parte da experimentação adequada ao estágio de desenvolvimento na infância (por ex., brincar com fósforos, isqueiros ou fogo). Alguns indivíduos com transtornos mentais usam o comportamento incendiário para comunicar um desejo, vontade ou necessidade, freqüentemente dirigidos à obtenção de uma mudança na natureza ou localização dos serviços.

Esta forma de comportamento incendiário tem sido chamada de "incêndio comunicativo", devendo ser cuidadosamente diferenciada da Piromania. Um diagnóstico separado de Piromania não é feito quando o comportamento incendiário ocorre como parte de um Transtorno da Conduta, um Episódio Maníaco ou Transtorno da Personalidade Anti-Social, ou em resposta a um delírio ou alucinação (por ex., na Esquizofrenia).

O diagnóstico de Piromania também não deve ser feito quando o comportamento incendiário resulta de um prejuízo no julgamento associado com demência, Retardo Mental ou Intoxicação com Substância.


Critérios Diagnósticos para F63.1 - 312.33 Piromania
A. Comportamento incendiário deliberado e proposital em mais de uma ocasião.
B. Tensão ou excitação afetiva antes do ato.
C. Fascinação, interesse, curiosidade ou atração pelo fogo e seus contextos situacionais (por ex., parafernália, usos, conseqüências).
D. Prazer, gratificação ou alívio ao provocar incêndios, ou quando os testemunha ou participa de seus resultados.
E. O comportamento incendiário não ocorre visando a obter ganhos monetários, expressar uma ideologia sócio-política, encobrir uma atividade criminosa, expressar raiva ou vingança, melhorar as próprias condições de vida, em resposta a um delírio ou alucinação, ou em conseqüência de um prejuízo no julgamento (por ex., na demência, no Retardo Mental ou na Intoxicação com Substância).
F. O comportamento incendiário não é melhor explicado por um Transtorno da Conduta, um Episódio Maníaco ou em Transtorno da Personalidade Anti-Social.



F63.0 - 312.31 JOGO PATOLÓGICO - DSM.IV

Características Diagnósticas
A característica essencial do Jogo Patológico é um comportamento de jogo mal-adaptativo, recorrente e persistente (Critério A), que perturba os empreendimentos pessoais, familiares ou ocupacionais. O diagnóstico não é feito se o comportamento é melhor explicado por um Episódio Maníaco (Critério B).

O indivíduo pode manter uma preocupação com o jogo (por ex., reviver experiências de jogo do passado, planejar a próxima parada ou pensar em modos de obter dinheiro para jogar) (Critério A1). A maioria dos indivíduos com Jogo Patológico afirma que está mais em busca de "ação" (um estado eufórico e excitado) do que de dinheiro.Apostas ou riscos cada vez maiores podem ser necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado (critério A2).

Os indivíduos com Jogo Patológico freqüentemente continuam jogando, apesar de repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessar o comportamento (Critério A3). Pode haver inquietação ou irritabilidade, ao tentar reduzir ou parar de jogar (Critério A4).

O indivíduo pode jogar como uma forma de fugir de seus problemas ou para aliviar um humor disfórico (por ex., sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão) (Critério A5). Um padrão de "recuperação" das perdas pode desenvolver-se, com uma necessidade urgente de continuar jogando (freqüentemente fazendo apostas maiores ou assumindo maiores riscos) para anular uma perda ou uma série de perdas.

O indivíduo pode abandonar sua estratégia de jogo e tentar recuperar todas as perdas de uma só vez. Embora todos os jogadores possam tentar recuperar suas perdas por curtos período, a busca de recuperação do prejuízo a longo prazo é mais característica dos indivíduos com Jogo Patológico (Critério A6).

O indivíduo pode mentir para familiares, terapeutas ou outras pessoas para encobrir a extensão de seu envolvimento com o jogo (Critério A7). Quando não tem mais a quem pedir emprestado, o indivíduo pode recorrer ao comportamento anti-social (por ex., falsificação, fraude, furto ou estelionato) para obter dinheiro (Critério A8). O indivíduo pode ter colocado em risco ou perdido um relacionamento significativo, seu emprego ou uma oportunidade profissional ou educacional em virtude do jogo (Critério A9).

O indivíduo também pode recorrer à família ou outras pessoas, em busca de auxílio para uma situação financeira desesperadora causada pelo jogo (Critério A10).

Características e Transtornos Associados
Distorções do pensamento (por ex., negação, superstições, excesso de confiança ou sentimentos de poder e controle) podem estar presentes em indivíduos com Jogo Patológico.

Muitos indivíduos com Jogo Patológico acreditam que o dinheiro é tanto a causa quanto a solução para todos os seus problemas. Essas pessoas também são, com freqüência, altamente competitivas, cheias de energia, inquietas e facilmente entediadas. Elas podem mostrar-se demasiadamente preocupadas com a aprovação dos outros e ser generosas ao ponto da extravagância.

Quando não estão jogando, podem ser pessoas "viciadas em trabalho" ou profissionais que esperam até perto do prazo final para então realmente começarem a trabalhar. Estes indivíduos podem estar propensos ao desenvolvimento de condições médicas gerais associadas com estresse (por ex., hipertensão, úlcera péptica, enxaqueca). Taxas aumentadas de Transtornos do Sono, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Abuso ou Dependência de Substância e Transtornos da Personalidade Anti-Social, Narcisista e Borderline têm sido relatadas em indivíduos com Jogo Patológico.

Há relatos indicando que, dentre os indivíduos tratados para Jogo Patológico, 20% já tentaram o suicídio.

Características Específicas à Cultura e ao Gênero
Existem variações culturais na prevalência e no tipo de atividades ligadas ao jogo (por ex., rinhas de galos, corridas de cavalos, mercado de ações).

A maioria das pessoas com Jogo Patológico consiste de mulheres. As mulheres com o transtorno têm maior propensão à depressão e a jogarem como fuga.

As mulheres são sub-representadas nos programas de tratamento para o jogo, representando apenas 2-4% da população dos Jogadores Anônimos, o que pode ocorrer em função de um maior estigma vinculado às mulheres que jogam.

Prevalência
Os poucos dados disponíveis sugerem que a prevalência do Jogo Patológico pode ser de até 1-3% da população adulta.

Curso
O Jogo Patológico tipicamente começa no início da adolescência em homens, e mais tarde, em mulheres. Embora uns poucos indivíduos sejam "fisgados" por sua primeira aposta, para a maioria o curso é mais insidioso. Pode haver anos de jogo social, seguidos de um início abrupto que pode ser precipitado por maior exposição ao jogo ou por um estressor.

O padrão de jogo pode ser regular ou episódico, e o curso do transtorno é tipicamente crônico. Existe, geralmente, uma progressão na freqüência do jogo, nas quantias apostadas e na preocupação com o jogo e com a obtenção de dinheiro para jogar. A avidez por jogar e por atividades ligadas ao jogo geralmente aumenta durante períodos de estresse ou depressão.

Padrão Familial
Jogo Patológico e Dependência de Álcool são mais comuns entre os pais de indivíduos com Jogo Patológico do que entre a população geral.

Diagnóstico Diferencial
O Jogo Patológico deve ser diferenciado do jogo social e do jogo profissional. O jogo social tipicamente ocorre com amigos ou colegas e tem uma duração limitada, estipulando com antecedência um limite aceitável de perdas. No jogo profissional, os riscos são limitados e a disciplina é central.

Alguns indivíduos podem experimentar problemas associados com o jogo (por ex., comportamento de recuperação de prejuízos a curto prazo e perda do controle) que não satisfazem todos os critérios para Jogo Patológico.

Uma perda do julgamento e jogo excessivo podem ocorrer durante um Episódio Maníaco. Um diagnóstico adicional de Jogo Patológico somente deve ser dado se o comportamento de jogo não é melhor explicado pelo Episódio Maníaco (por ex., uma história de comportamento de jogo mal-adaptativo em momentos outros que não durante um Episódio Maníaco).

Por outro lado, um indivíduo com Jogo Patológico, durante uma parada de jogo, pode apresentar um comportamento que se assemelha a um Episódio Maníaco. Entretanto, uma vez afastado do jogo, esses aspectos tipo maníacos dissipam-se. Problemas com o jogo podem ocorrer em indivíduos com Transtorno da Personalidade Anti-Social; se os critérios são satisfeitos para ambos os transtornos, ambos podem ser diagnosticados.


Critérios Diagnósticos para F63.0 - 312.31 Jogo Patológico
A. Comportamento de jogo mal-adaptativo, persistente e recorrente, indicado por cinco (ou mais) dos seguintes quesitos:
(1) preocupação com o jogo (por ex., preocupa-se com reviver experiências de jogo passadas, avalia possibilidades ou planeja a próxima parada, ou pensa em modos de obter dinheiro para jogar)
(2) necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores, a fim de obter a excitação desejada
(3) esforços repetidos e fracassados no sentido de controlar, reduzir ou cessar com o jogo
(4) inquietude ou irritabilidade, quando tenta reduzir ou cessar com o jogo
(5) joga como forma de fugir de problemas ou de aliviar um humor disfórico (por ex., sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão)[586]
(6) após perder dinheiro no jogo, freqüentemente volta outro dia para ficar quite ("recuperar o prejuízo")
(7) mente para familiares, para o terapeuta ou outras pessoas, para encobrir a extensão do seu envolvimento com o jogo
(8) cometeu atos ilegais, tais como falsificação, fraude, furto ou estelionato, para financiar o jogo
(9) colocou em perigo ou perdeu um relacionamento significativo, o emprego ou uma oportunidade educacional ou profissional por causa do jogo
(10) recorre a outras pessoas com o fim de obter dinheiro para aliviar uma situação financeira desesperadora causada pelo jogo.
B. O comportamento de jogo não é melhor explicado por um Episódio Maníaco.



F63.3 - 312.39 - TRICOTILOMANIA - DSM.IV

Características Diagnósticas
A característica essencial da Tricotilomania consiste em arrancar os próprios cabelos de maneira recorrente, resultando em perda capilar perceptível (Critério A). Os locais de onde os cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.

O ato de arrancar cabelos pode ocorrer em breves episódios ao longo do dia, ou em períodos menos freqüentes, porém mais prolongados, que podem continuar por horas. Circunstâncias estressantes freqüentemente aumentam o comportamento, mas este também ocorre em estados de relaxamento e distração (por ex., assistindo televisão ou lendo um livro). Um sentimento de tensão aumentada está presente imediatamente antes do ato de arrancar os cabelos (Critério B).

Para alguns, a tensão não precede necessariamente o ato, mas está associada com tentativas de resistir a este anseio. Existe satisfação, prazer ou uma sensação de alívio ao arrancar os cabelos (Critério C). Alguns indivíduos experimentam uma sensação "tipo coceira" no couro cabeludo, que é aliviada pelo ato de arrancar os cabelos.

O diagnóstico não é dado se o ato de arrancar os cabelos é melhor explicado por um outro transtorno mental (por ex., em resposta a um delírio ou uma alucinação) ou se deve a uma condição médica geral (por ex., inflamação da pele ou outras condições dermatológicas) (Critério D). O distúrbio deve causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (Critério E).

Características e Transtornos Associados
Características descritivas e transtornos mentais associados. Comportamentos de examinar a raiz do cabelo, arrancá-la, enfiar uma mecha entre os dentes ou tricofagia (comer cabelos) podem ocorrer com a Tricotilomania.

O ato de arrancar os cabelos não ocorre, geralmente, na presença de outras pessoas (exceto membros da família imediata), e as situações sociais podem ser evitadas. Os indivíduos habitualmente negam que arrancam os cabelos e escondem ou camuflam a alopécia resultante.

Alguns indivíduos sentem uma ânsia por arrancar cabelos de outras pessoas, podendo às vezes procurar oportunidades para fazê-lo disfarçadamente. Eles [587]podem arrancar os pêlos de animais de estimação, bonecos e outros materiais fibrosos (tais como suéteres ou tapetes). Os comportamentos de roer unhas, coçar-se, morder-se e escoriar-se podem estar associados com a Tricotilomania.

Os indivíduos com Tricotilomania também podem ter Transtornos do Humor, Transtornos de Ansiedade ou Retardo Mental.

Achados laboratoriais associados
Certos achados histológicos são considerados característicos e podem auxiliar no diagnóstico, quando há suspeitas de Tricotilomania e o indivíduo afetado nega os sintomas. Amostras de biópsia das áreas envolvidas podem revelar cabelos curtos e partidos.

O exame histológico pode revelar a presença de folículos normais e danificados na mesma área, bem como um número aumentado de cabelos catagênicos. Alguns folículos capilosos podem apresentar sinais de trauma (enrugamento da bainha externa da raiz).

Os folículos envolvidos podem estar vazios ou conter um material queratinoso profundamente pigmentado. A ausência de inflamação distingue a alopécia induzida por Tricotilomania da alopécia areata.

Achados ao exame físico e condições médicas gerais associadas. Não há, rotineiramente, relatos de dor com o ato de arrancar os cabelos; pode haver prurido nas áreas envolvidas. Os padrões de perda capilar são altamente variáveis. Áreas de alopécia completa são comuns, bem como áreas de perceptível redução da densidade capilar. Quando há envolvimento do couro cabeludo, pode haver uma predileção pelo topo da cabeça ou regiões parietais.

A superfície do couro cabeludo geralmente não apresenta evidências de escoriações. Pode haver um padrão de calvície quase completa, exceto por um estreito perímetro em torno das margens externas do couro cabeludo, particularmente na nuca ("tricotilomania tonsurante").

As sobrancelhas e os cílios podem estar completamente ausentes. Uma escassez de pêlos púbicos pode ser aparente na inspeção. Pode haver áreas de ausência de pêlos nos membros ou no tronco. A tricofagia pode resultar em bezoares (bolas de cabelos) que podem causar anemia, dor abdominal, hematêmese, náusea e vômitos, bem como obstrução ou mesmo perfuração intestinal.

Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero
Entre as crianças com Tricotilomania, os dois sexos são igualmente representados. Em adultos, a Tricotilomania parece ser muito mais comum em mulheres.

Isto tanto pode refletir a verdadeira razão entre os gêneros para a condição, quanto uma diferença na busca de tratamento, baseada em atitudes culturais ou ligadas ao gênero, em relação à aparência (por ex., aceitação da perda capilar como normal entre os homens).

Prevalência
Não existem dados sistemáticos sobre a prevalência da Tricotilomania. Embora o transtorno anteriormente fosse considerado uma condição incomum, atualmente se acredita que ocorra com maior freqüência.

Estudos recentes de amostras universitárias sugerem que 1 a 2% dos estudantes têm uma história atual ou passada de Tricotilomania.

Curso
Períodos transitórios de arrancar cabelos nos primeiros anos da infância podem ser considerados um "hábito" benigno, com um curso autolimitado. Entretanto, muitos indivíduos que apresentam Tricotilomania crônica na idade adulta relatam um início nos primeiros anos da infância.

O início habitualmente ocorre antes da idade adulta, com picos em torno dos 5 aos 8 anos e aos 13 anos. Alguns indivíduos têm sintomas contínuos por décadas. Para outros, o transtorno pode ir e vir durante semanas, meses ou anos seguidos. Os locais de onde os cabelos são arrancados podem variar ao longo do tempo.

Diagnóstico Diferencial
Outras causas de alopécia devem ser consideradas em indivíduos que negam o ato de arrancar os cabelos (por ex., alopécia areata, calvície com padrão masculino, lúpus eritematoso discóide crônico, líquen plano, foliculite descalvante, pseudopelada e alopécia mucinosa). Um diagnóstico separado de Tricotilomania não é dado se o comportamento é melhor explicado por outro transtorno mental (por ex., em resposta a um delírio ou uma alucinação na Esquizofrenia).

O ato repetitivo de arrancar os cabelos na Tricotilomania deve ser diferenciado de uma compulsão, como no Transtorno Obsessivo-Compulsivo. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo, os comportamentos repetitivos são executados em resposta a uma obsessão, ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas.

Um diagnóstico adicional de Transtorno de Movimento Estereotipado não é feito se o comportamento repetitivo se limita ao ato de arrancar os cabelos. A alopécia auto-induzida na Tricotilomania deve ser diferenciada do Transtorno Factício com Predomínio de Sinais e Sintomas Físicos, no qual a motivação para o comportamento consiste em assumir o papel de doente.

Muitos indivíduos retorcem e brincam com os cabelos, especialmente durante estados de maior ansiedade, mas este comportamento geralmente não se qualifica para um diagnóstico de Tricotilomania. Alguns indivíduos podem apresentar aspectos da Tricotilomania, mas o dano capilar resultante pode ser tão leve, a ponto de ser virtualmente indetectável. Nessas situações, o diagnóstico apenas deve ser considerado se o indivíduo experimenta sofrimento significativo.

Em crianças, períodos autolimitados de arrancar os cabelos são comuns, podendo ser considerados um "hábito" temporário. Portanto, em crianças, o diagnóstico deve ser reservado para as situações nas quais o comportamento persiste por vários meses.


Critérios Diagnósticos para F63.3 - 312.39 Tricotilomania
A. Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar perceptível.
B. Sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o indivíduo tenta resistir ao comportamento.
C. Prazer, satisfação ou alívio ao arrancar os cabelos.
D. O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental, nem se deve a uma condição médica geral (por ex., uma condição dermatológica).
E. O distúrbio causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.


F63.9 - 312.30 Transtorno do Controle dos Impulsos Sem Outra Especificação

Esta categoria serve para transtornos do controle dos impulsos que não satisfazem os critérios para qualquer Transtorno do Controle dos Impulsos específico nem para outro transtorno mental que apresente aspectos envolvendo o controle dos impulsos, descrito em outra parte deste manual (por ex., Dependência de Substância, Parafilia).

Esta categoria serve para transtornos do controle dos impulsos que não satisfazem os critérios para qualquer Transtorno do Controle dos Impulsos específico nem para outro transtorno mental que apresente aspectos envolvendo o controle dos impulsos, descrito em outra parte deste manual (por ex., Dependência de Substância, Parafilia).

Esta categoria serve para transtornos do controle dos impulsos que não satisfazem os critérios para qualquer Transtorno do Controle dos Impulsos específico nem para outro transtorno mental que apresente aspectos envolvendo o controle dos impulsos, descrito em outra parte deste manual (por ex., Dependência de Substância, Parafilia).

QUANDO O CONSUMO VIRA DOENÇA


AS COISAS NEM SEMPRE SÃO O QUE PARECEM. CONTROLE SEUS IMPULSOS

IMPULSO SEM CONTROLE NA HORA DAS COMPRAS PODE SER DOENÇA

Comprar pode ser um prazer. Mas e quando se torna um impulso sem controle? A pessoa sabe que não pode gastar aquele dinheiro, mas mesmo assim compra e se endivida.


Depois vem a culpa e a vergonha por ter caído de novo na mesma armadilha. Isso não é ser apenas irresponsável, descontrolado, é uma doença. São os compradores compulsivos.


O Bom Dia Rio conversou a Mônica que viu de perto essa doença. O problema às vezes toma uma dimensão que pode acabar com a vida da pessoa.

O olhar as vitrines, passear entre as lojas e não resistir à tentação. “Sou meio consumista, então de vez em quando eu cometo uma loucura e depois me arrependo, mas já era”, diz.

Levar para casa um objeto sem qualquer utilidade. “Acabei de comprar uma luz negra e não se para quê”, conta uma moça. Ou sem necessidade alguma. “Já comprei, bolsa, sou viciada em bolsa e sapato”, fala uma mulher.

Quem nunca cometeu um "exagero"? “Eu gosto muito de blusinhas então eu compro blusas sem precisar delas, mas eu acho que tenho bastante, você está sempre bem vestida”, revela uma consumidora. Ao ser perguntada se sua amiga é exagerada uma senhora responde. “Exagera, muito! Eu fico boba! É assustador”.

Às vezes fica um pouco enrolada mas sempre dá para dar um jeitinho, hoje me dia tudo é tão fácil a gente parcela e depois vê como fica.

Mas quando os gastos ficam fora do controle como saber quando o consumo virou uma doença? Elizabeth Carneiro psicóloga diz que a diferença de um comprador compulsivo para um comprador equilibrado é saber avaliar essa compra, saber ponderar o quanto que ele pode, o quanto que é razoável, o quanto que é necessário para aí sim ele tomar uma atitude se comprar ou não. Segundo ela, o comprador compulsivo não faz essa avaliação.

Mônica de 39 anos se afundou em dívidas e quase destruiu o casamento. “Eu não trabalho fora é meu marido que administra as coisas em casa então eu tinha sempre problemas, ele sempre quando fechava a conta ele falava que eu estava exagerando, você não pode fazer isso, tem que manerar e eu sempre extrapolava, sempre eu tinha uma desculpa e sempre eu escondia as coisas que eu comprava, porque ele ficava falando muito e sempre queria mais shopping, mais shopping, é uma coisa muito difícil”.

Há sete meses ela se trata com remédios e terapia. Mônica é uma compradora compulsiva. “Eu não conseguia mais dormir, ficava sempre pensando naquilo, eu preciso comprar, eu preciso comprar, eu acordava de madrugada pensando na bolsa que ficou no shopping e eu não comprei, eu ficava pensando como eu ia fazer para comprar a bolsa, e eu não tinha mais dinheiro pra comprar”, revela.

Mônica admite que não tinha forças pra frear o impulso. “Eu nunca conseguia comprar uma blusa, eu tinha que comprar duas, três blusas e do mesmo modelo, já tive coisas no meu armário que ficou um ano e meio, dois, com etiqueta pendurar sem usar depois vem um vazio que você sente.”

Hoje a compulsão está sob controle. As dívidas foram pagas e feliz da vida Mônica faz uma confidência. Ela afirma que consegue sair do shopping sem sacolas. “É uma vitória, uma vitória muito boa, você andar no shopping e não sair mal humorada e sem comprar e sem brigar com o marido e a maior vitória é o marido também ficar feliz porque você não saiu comprando. Sem dívidas é muito bom, muito bom mesmo”.

REPORTAGEM:

O Bom Dia Rio conversou com o Dr. Antônio Leandro Nascimento, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Bom Dia Rio- Quais são os sintomas que identificam que a pessoa próxima de nós é um comprador compulsivo?

Dr. Antônio- Em primeiro lugar temos que considerar a repetição de compras porque de vez em quando todo mundo pode comprar exageradamente. O comprador compulsivo faz disso um hábito muito freqüente, às vezes diário. Outra coisa importante é considerar o tempo que a pessoa gasta comprando e pensando sobre aquela compra. Frequentemente o comprador compulsivo vê um objeto e começa desejá-lo intensamente e pensar muito se deve comprar, como fazer para comprar, como fazer para usar e perde muitas horas do dia entre o processo de reconhecer o objeto, pensar e comprar.

Qual o perfil de uma pessoa que se transforma num comprador compulsivo?

Temos que ver que entre 2 e 6% da população são compradores compulsivos. A maior parte dessas pessoas cerca de 80% são mulheres e têm doenças associadas como: depressão, dependência de substâncias, transtornos alimentares. Frequentemente as compras são realizadas como uma maneira de aliviar a ansiedade ou uma frustração. Um pequeno problema do dia-a-dia pode levar as compras.

O prazer que o comprador compulsivo tem após as compras se esgota muito rápido não é?

Sim. O prazer é muito fugaz. Na verdade não podemos dizer que é prazer é mais um alivio de uma sensação de ansiedade que a pessoa tem entre ela ver a coisa que ela quer comprar efetivamente comprar. Assim que a compra é realizada essa sensação de ansiedade ela acaba, mas não vem necessariamente um prazer, o que acontece é que a pessoa reconhece outro objeto de desejo dela e volta novamente a ansiedade que motivou a primeira compra.

Como a família deve lidar com isso?

Muitas vezes é necessário apontar para a pessoa que aquele comportamento pode ser uma doença. Boa parte dos compradores compulsivos não reconhecem isso como uma doença e frequentemente as famílias também não. Acham que é uma fraqueza de caráter, que é um comportamento individual da pessoa, mas é uma doença e tem tratamento. Ao ver que ato é exagero e sugerir que a pessoa procure um médico psiquiatra para ter o diagnóstico correto e começar um tratamento é a melhor coisa que a família pode fazer.

Vivemos numa sociedade consumista onde o apelo está sempre a nossa frente. O comportamento de pais que às vezes vêm seu filho triste e fala que vai compra um presentinho pode estimular futuramente o filho se um comprador compulsivo no futuro?

Não necessariamente que isso vá estimular o filho a ser um comprador compulsivo, mas de qualquer maneira ensinar uma criança a lidar com suas frustrações não é um hábito saudável e isso vai gerar algum problema nela.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

INSTITUTO DE PSIQUIATRIA (IPQ) OFERECE TRATAMENTO PARA COMPULSIVOS

O tratamento é direcionado a homens e mulheres maiores de 18 anos

O Ambulatório do Jogo Patológico do Instituto de Psiquiatria (IPq) do HC da Faculdade de Medicina da USP oferece tratamento para jogadores patológicos, com ênfase a pessoas viciadas em pôquer, jogos de azar on-line e máquinas caça-níqueis. O tratamento, direcionado a homens e mulheres maiores de 18 anos, tem por base acompanhamento psiquiátrico e psicológico por um período médio de dois anos.

Os principais sinais da dependência de jogo são perda do controle do impulso, mentiras para encobrir a extensão do problema, tentativas fracassadas no sentido de controlar a compulsão, perdas e prejuízos relacionados à família, profissão ou estudo.

Para os jogadores compulsivos que buscam, num primeiro momento, informações e orientações, o Ambulatório dispõe de um grupo de acolhimento semanal.

CONTROLES DOS IMPULSOS E AS DESORDENS DE COMPORTAMENTO

Impulsos são pensamentos que determinam comportamentos. O comportamento depende sempre do quanto de controle interno ou externo existe. Vamos pegar a fome para compreendermos melhor esse processo: Você está no trabalho e sente fome, quer comer algo. Porém, você quer terminar algo que está fazendo antes de ir comer. A essa capacidade de adiar, chamamos de controle interno. Pode acontecer que você esteja um pouco acima do peso e deseje emagrecer. Então, você utiliza o controle interno para inibir suas idas à geladeira e só come na hora das refeições. O controle externo é uma limitação que você encontra no exterior. Suponhamos que você está apaixonado por uma mulher e descobre que ela é casada e gosta do marido. Este é um controle externo, ou seja, uma condição que o impede de namorar a mulher. Esses dois controles podem funcionar juntos. Por exemplo, muitas vezes, quando desejamos uma coisa que não podemos comprar, temos uma inteiração de controles (internos e externos) atuando em conjunto. Você evita tomar o objeto do desejo porque teme ser surpreendido e preso.


Muitas pessoas acreditam que, como humanos, muitos de nossos impulsos estão voltados para comportamentos ruins. Isso não é verdade. Os impulsos bons são permitidos e tidos como normais e assim, não os observamos com a mesma atenção com que observamos os impulsos ruins. Mas ter impulsos ruins, não é em si mesmo um problema. Todos nós os temos em alguma quantidade e isso é normal. O problema começa quando não há um controle forte o bastante para nos impedir de atuar o impulso. Se não temos um bom controle interno, teremos comportamentos que são prejudiciais e socialmente inaceitáveis. Quando um individuo não tem um bom controle sobre seus impulsos , dizemos que ele sofre de impulsividade ou Desordem no controle dos impulsos.


Geralmente o controle externo ( ou o respeito às normas) é estabelecido em casa a partir da relação da criança com os pais. Se estes não sabem como controlar seus impulsos, poderão ser abusivos e violentos com a criança que, por sua vez, não aprenderá a controlar seus próprios impulsos. Por exemplo: uma criança vê que seu pai ou sua mãe, usam o álcool para " aliviar" as tensões. Mais tarde, a criança poderá usar o próprio álcool como também a outras drogas, para descarregar suas tensões. Ela aprendeu isso em casa. Ela não terá controle sobre o impulso de fazer uso de substâncias. Geralmente a falta de controle dos impulsos está relacionada á dificuldade de controlar o envolvimento com as drogas.


No trabalho de avaliação psíquica, temos duas maneiras de abordar o problema de controle de impulsos: detectar se a origem do problema é interna ou externa. Normalmente, quando o controle externo está comprometido, podemos dizer que é algo mais fácil de resolver. No caso das crianças, procuramos trabalhar com os pais. Tentamos ajudá-los a estabelecer controles externos que sejam eficientes e não abusivos. Esses controles, vão se transformar em controles internos tão logo a criança amadureça. Mas esse é um trabalho bem difícil porque os pais têm que mudar seus comportamentos e isso, não é algo fácil de ser feito. Geralmente manda-se o filho ao terapeuta para que " ele" solucione o " pepino". Mas não é assim que funciona. É absolutamente fundamental que os pais participem do processo se quiserem obter algum resultado eficiente. Se um pai é agressivo e reage com irritação a tudo que lhe acontece, está mostrando aos seus filhos que os impulsos não são controláveis. Esse tipo de pai terá que mudar esse e outros comportamentos para que seus filhos possam aprender a conterem os seus.


Quando o controle interno estiver faltando, teremos um grande problema para solucionar a dificuldade. Primeiro temos que descobrir se o controle existiu e está se perdendo ou, se nunca existiu. Também temos que saber se os problemas envolvidos são emocionais e físicos. Os problemas de ordem física podem requerer o uso de medicamentos. Mas em geral, o que se observa é que não houveram controles externos bem estabelecidos de forma que o controle interno também não se estabeleceu . Na maior parte das vezes, os limites externos foram estabelecidos através do abuso e até mesmo da violência. Quando colocados dessa maneira, o controle dos impulsos não se estabelecem porque o próprio padrão utilizado pelos pais, é de ausência de controle.


Cabe lembrar que o excesso de controle pode ser tão ruim quanto a inexistência dele. Muitas pessoas ficam extremamente inibidas e impossibilitadas de fazerem coisas que gostam e lhes dão prazer porque tem um controle excessivo. Tal excesso de controle pode dar origens a algumas patologias mentais que são demolidoras para o indivíduo. O grande segredo é o bom senso das meias medidas.


A impulsividade é uma das grandes causas de problemas ligados à delinqüência juvenil e á psicopatia. Uma das características mais importantes da psicopatia é a impulsividade, pelo menos no que diz respeito aos psicopatas homens. Parece que com as psicopatas do sexo feminino, a impulsividade não é um traço determinante.


A falta de controle interno determina uma infinidade de comportamentos anti-sociais. Por exemplo, um indivíduo deseja uma coisa que não pode ter. Para um indivíduo que tem os controles internos bem estabelecidos, haverá uma adiamento da necessidade de gratificação ( possuir o objeto) e o indivíduo criará meios lícitos de obter o que deseja. Isso implicara no reconhecimento do desejo, no planejamento de meios possíveis de obter o que deseja e na realização desses projetos para enfim adquirir o que deseja. Nesses casos, a conquista trará um aumento de auto-estima e ampliara a capacidade de buscar problemas mais e mais complexos para serem solucionados. Com as emoções o controle interno também é fundamental. Se um indivíduo fica com raiva de alguém, ainda que seja de forma justa, o controle interno vai ajudá-lo a determinar até onde ele pode chegar com sua reação. Caso o controle interno não exista, ou seja, está mal estabelecido, o indivíduo raivoso pode matar. Pode também feri-lo. Caso haja algum controle, pode ofendê-lo verbalmente. Se o controle interno for adequado, poderá conversar de forma madura sobre a situação expressando sua frustração e descontentamento.


Um exemplo de comportamento impulsivo é a mentira. O mentiroso é um impulsivo, pois não consegue controlar a mentira e assim, mente de forma automática quando se sente humilhado ou ameaçado. Por exemplo, um jovem mentia sobre sua família. Ele atribuía-lhe uma importância que ela não possuía. Isso nos indicava que ele sentia vergonha de sua família e, portanto, precisava enfeitá-la para mostrá-la aos outros. Ele não conseguia controlar-se, mesmo quando sabia que estava mentindo. Inventava um pai que não tinha, uma mãe que não tinha e um irmão que não tinha. Tudo isso era feito de maneira impulsiva, ou seja, o indivíduo não tinha controle. Tudo vinha automaticamente. Na medida em que se reconstituía a história de vida do paciente, observou-se que a mãe era uma mulher que viera de uma família muito pobre à qual detestava. Ela casara-se com um homem de classe média e, pouco tempo depois, separara-se dele. Ela apresentava-se como alguém que era da família do marido e não de sua família de origem. Ou seja, a mãe era ela mesma, uma mentirosa impulsiva. Sempre que alguém vinha fazer alguma reclamação de seus filhos, ela ficava tomada de tamanha ira, que agredia os filhos com violentas surras. Depois de passado o momento, ela ficava aturdida com o que havia feito, mas repetia esse comportamento com freqüência.


A impulsividade é um distúrbio mental que gera um padrão comportamental que prejudica não só o indivíduo acometido como também aqueles que estão à sua volta. Dentre esses comportamentos impulsivos, como já dissemos, está a mentira, a cleptomania, alguns dos distúrbios alimentares como também alguns padrões auto-destrutivos.

Tratar os comportamentos impulsivos, é uma necessidade já que os indivíduos que sofrem desse tipo de problemas, sempre acabam por prejudicar-se e em muitas ocasiões, metem-se em enrascadas que podem levá-los até mesmo ao aprisionamento. Muitas vezes a impulsividade impede o desenvolvimento do raciocínio porque o indivíduo é tomado de uma grande ansiedade e assim fica impedido de desenvolver habilidades necessárias ao desenvolvimento dos traços que determinam a inteligência.

Por Mário Quilici - Setembro de 2002


Mario Quilici, psicanalista, é um pesquisador independente e ativo do desenvolvimento infantil e de como os distúrbios do vínculo entre os Bebês e seus pais podem levar ao surgimento de psicopatologias na medida que impedem um adequado desenvolvimento emocional e conseqüentemente da personalidade. Desenvolve trabalho clínico com adultos, casais e famílias bem como com orientação de pais. Dedica-se também ao estudo de neuropsicologia e psiconeuroimunologia.
Fones:3256-1748/3256-4732